Cirurgia é rara e a doação, mais complicada.
Você sabia que existe transplante de pulmão? Esse procedimento é incomum e, de acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), apenas cinco estados possuem centros ativos para sua realização: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Fortaleza e Paraná.
No caso do Rio de Janeiro, foram 15 anos de intervalo entre o penúltimo transplante e o último, realizado este ano. Com as sequelas deixadas pela Covid-19, a tendência é que a demanda pelo procedimento cresça.
Quando o transplante de pulmão é indicado?
O transplante de pulmão é uma intervenção cirúrgica que substitui um pulmão doente por outro saudável. Só há indicação para essa operação quando o órgão está em falência e não consegue fornecer a quantidade de oxigênio necessária para o pleno funcionamento do organismo. Antes de indicar o transplante, o médico recorre a tratamentos menos invasivos.
“Os quadros mais frequentemente candidatos ao transplante são aqueles causados por doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), fibrose pulmonar e hipertensão arterial pulmonar, que costuma acometer mais mulheres do que homens. Além dessas enfermidades, fibrose cística (apresenta-se em crianças com herança genética) e outras doenças avançadas requerem a realização do procedimento para que essas pessoas sobrevivam.
Como funciona o transplante pulmonar?
Para se preparar para um transplante pulmonar é necessário passar por uma série de exames que vão analisar a saúde do paciente e verificar se existem condições impeditivas, como a presença de infecções, histórico de câncer ou doença renal aguda.
A partir daí o paciente entra na fila à espera de um doador que seja compatível com o tipo sanguíneo e as dimensões do pulmão. Isso significa que nem sempre o primeiro da lista é o primeiro a realizar o transplante, pois respeitar os critérios de compatibilidade reduz os riscos de rejeição do órgão e demais complicações. Uma vez convocado para o transplante, o paciente passa por mais uma bateria de exames e só então segue para a sala de cirurgia.
O que é necessário para ser um doador de pulmão no Brasil?
Alguns órgãos e tecidos podem ser doados em vida, como é o caso da medula óssea, por exemplo. No entanto, o transplante de pulmão só pode ser realizado com o órgão proveniente de um doador falecido (aquele cuja morte cerebral foi atestada). As exigências para doar um pulmão são:
- ter menos de 55 anos;
- nunca ter fumado;
- não apresentar doença pulmonar;
- ter o pulmão do mesmo tamanho que o receptor;
- pertencer ao grupo sanguíneo compatível com o do receptor.
“A doação de pulmão é muito difícil, visto que as vias aéreas têm contato com o mundo exterior e podem adquirir contaminações. O doador não precisa ter vínculo familiar com o receptor, mas o órgão precisa estar sadio, sem ter contraído nenhuma sepse”, afirma o Dr. Alexandre.
Como é a recuperação do transplantado?
O tempo de recuperação de um transplante de pulmão dura cerca de três semanas – tempo que pode variar de uma pessoa para outra – e inclui internação em Unidade de Terapia Intensiva para que, com a ajuda da ventilação mecânica, o órgão transplantado se adapte e consiga produzir oxigênio normalmente.
No hospital, a equipe ministra medicamentos que diminuem as chances de rejeição, previnem infecções e reduzem as dores. Mesmo depois da alta, durante toda a vida, o paciente precisará manter a ingestão dos imunossupressores.
Depois de um transplante, os imunossupressores devem ser tomados a vida toda, pois o paciente está vivendo com um órgão que não era dele, e mesmo com o sistema ABO compatível, o organismo pode rejeitar novos órgãos.
Fonte: Dr. Saúde.